1.4.17

A RESPONSABLIDADE É OUTRA COISA

Não são as estrelas e os planetas que afectam o nosso modo de vida, como diz a astrologia; são as nossas acções, as nossas palavras, as nossas atitudes e também a ausência delas, porque também se faz muito (para o bem e para o mal) mesmo não se fazendo nada. Outorgar às estrelas que vou ter uma semana dos diabos ou uma 4ª feira feliz, é o mesmo que atribuir aos anónimos transeuntes a responsabilidade por eu ir numa direcção em vez de outra.
 
 
São os circunstancialismos que não dependem de nós, mas sobretudo as nossas acções e omissões, que dependem só do que decidimos fazer.
 
Dizermos que não fazemos mal a ninguém, pode ser afinal maior erro do que o erro como o concebemos. Devia haver o Dia Internacional da Responsabilização por Omissão. Porque estamos todos comprometidos uns com os outros, até pelo silêncio! Como a borboleta que batendo as asas num continente provoca uma tempestade noutro... E por isso mesmo os que pretendem estar sossegadinhos no seu canto, estão muito mais expostos do que julgam, porque somos todos convocados a intervir. De resto, o silêncio não deve ser confundido com a inacção. Há gestos que valem mais do que palavras e as atitudes valem sempre mais do que as intenções.
 
O mesmo com o karma. Não existe karma nenhum que não o pedaço que cada um de nós inevitavelmente carrega, fruto da própria condição humana. O karma são os outros e eu mesmo quando não tenho lucidez bastante, humildade suficiente, inteligência que baste... O resto são desculpas que arranjamos.
 
O Homem tem tanto de bom como de repugnante, mas é nos intervalos dos extremismos que somos e nos ajudamos, quando descobrimos que não temos de carregar destinos kármicos que nós mesmos construímos, sem nos apercebermos da dimensão autopunidora do seu próprio destino...