30.10.17

AMOR PRÓPRIO NÃO É EGOISMO

Escrevo amiúde sobre a importância dos recursos emocionais, sobre a necessidade da partilha, da amizade e do amor para nos realizarmos e sermos em plenitude (a questão profissional nem sempre depende de nós e por isso não a incluo neste exercício), mas se devemos fomentar a entreajuda e o espírito de entrega cujos beneficiados primeiros somos nós, é igualmente da mesma importância a consciência de que não devemos hipotecar a nossa felicidade a um outro alguém.

Acontece particularmente nas relações amorosas, deprime-se e tudo é um vazio enquanto não encontramos alguém, ou transfere-se simplesmente para o outro o motivo de me sentir bem. E claro que faz bem, que nos põe loucos, eufóricos, com força para combater o mundo sozinhos, porque metidos na força do outro, mas é das nossas forças que precisamos!
 
Também acontece nos pais que depositam nos filhos a sua razão de viver, geralmente mais nas famílias agora monoparentais e que em tempos já foram um casal, mas o erro é o mesmo.
 
Se o que há a mais são egoísmos e vazios, falta de amor e de entrega, outorgar exclusivamente ao outro a razão da nossa existência, não é amor: é dependência, é não acreditar o suficiente naquilo que somos, e viver um destino que, verdadeiramente não é o nosso.
 
Quem apanhará os estilhaços se uma relação se quebra? Se os filhos tiverem atitudes graves de desamor e abandono ou forem viver para longe? É essa força primordial que é preciso deixar em piloto automático, não como quem ama ou se entrega menos, mas como quem precisa de saber que tem direito a ser feliz mesmo que o outro não esteja lá.